Sabe aquele momento em que não se tem ideia de onde começar, de onde partir? É como ter uma casa destruída, saber como levantar de novo mas não saber mais onde ela fica. Isso acontece quando nos apoiamos apenas em ilusões, nos iludimos com amor, com amizade e na hora da verdade percebemos que nada daquilo era como imaginávamos. Não era e não seria se ainda existisse...não tem como descrever o sentimento de "cair a ficha". Enfim notamos que aquela amizade que acreditavámos ser verdadeira na realidade não passava de papo furado e nunca teria aquela melhor amiga ou amigo em que pudesse contar pra tudo, até mesmo pra conversar num dia de tédio ou ir no cinema num sábado. No início dá uma revolta, mas justamente ao percebermos que não passava de mais uma ilusão exagerada, a raiva passa e vira indiferença.
Ah e aquele amor? Bom, não é bem que ele não existia, mas ele nunca foi, nem seria um conto de fadas, era cheio de brigas e problemas com concordâncias (verbais e nominais), mas no fundo existia a ilusão do casamento e filhos e cachorros, ao mesmo tempo que existia muito cansaço, orgulho e pouca dedicação. Isso dificultava as coisas, dificultou tanto que acabou...não sei dizer bem em que momento acabou, essas coisas não tem hora marcada muito menos aviso prévio.
Penso no fim como uma forma de recomeço, seja a morte ou o fim de um filme, há algo começando, de um jeito ou de outro.
Mas sendo bem sincera, não existe uma forma de ficar realmente bem dessa forma, existe uma forma de se conformar em sair pro cinema sozinha, ou não ter muito com quem conversar, mas ficar bem não tem jeito. Parece que terei que reencontrar um lugar para reconstruir a vida, desta vez mais sozinha do que da última vez. Mas a vida tem dessas coisas, por isso acho que já devo ter colocado um rastreador nos cacos do meu coração de vidro, desta forma quem sabe em busca de algum deles, eu encontro um lugar para estar realmente bem? Seja ele um lugar ou não...
Nenhum comentário:
Postar um comentário